Confiança é a palavra da vez. Ela surgiu das leituras que venho fazendo e estava tacitamente em algum lugar do meu cérebro, mas o santo Rogério da Costa a tornou visível graças a seu artigo Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva – super recomendado para quem estuda comunidades virtuais. Para redes sociais, legal acompanhar o blog da Raquel Recuero, que há muito pesquisa o assunto.
Confiança é a base das redes sociais, diz Rogério. Depende de construção e, mais ainda, de reforço diário por meio das relações. Há graus de confiança e é aí que entram as comunidades, em minha opinião. Rogério defende que o conceito de comunidade mudou há tempos, ainda mais com o ciberespaço, e, por isso, “rede social” seria o mais adequado.
Concordo, em termos. Acho que a palavra comunidade se encaixa justamente nesses “graus” de confiança da rede e, por isso, ainda pode ser empregada. No estudo de redes de aprendizagem x comunidade virtual, influenciada também por Suzana Gutierrez e por Zygmunt Bauman, acredito que quanto maior o grau de confiança entre os membros, mais as chances de que uma comunidade se desenvolva… em uma rede de aprendizagem. Ou seja, estreitos laços de confiança como constituição de uma comunidade dentro de uma rede.
A confiança está intimamente ligada à sensação de segurança, num mundo onde nada é certo e as relações se desmancham no ar”. Se formos depender de a busca por segurança no mundo atual, subtítulo do livro Comunidade, de Bauman, desistimos de lutar. Não é pessimismo, é realismo. Afinal, os membros de uma comunidade cuidam uns dos outros, se querem bem, se respeitam, se ajudam, entendem-se e, entre eles, não há estranhos, há confiança. A palavra comunidade evoca, assim, aquilo de que sentimos falta e do que gostaríamos de ter para viver seguros e confiantes; ao “paraíso perdido”, narrado pela Bíblia e mitologia grega. “Em suma, ‘comunidade’ é o tipo de mundo que não está, lamentavelmente, ao nosso alcance – mas no qual gostaríamos de viver e esperamos vir a possuir” (2003, p. 9).
Baumman não tratava das comunidades do ciberespaço. Mas, se depender de Pierre Lévy, e aqueles que acreditam no potencial das comunidades virtuais, como eu, ao nosso alcance esse tipo de mundo pode estar um dia.
Read Full Post »